António Horta Osório considera que Portugal tem falta de ambição na questão dos salários e questiona o motivo pelo qual o rendimento médio de um irlandês é três vezes superior ao de um português. O banqueiro defende um debate pluripartidário e supra-geracional sobre o tema e metas mais ambiciosas.
“Nós estamos, infelizmente, e digo isto com pena, atrasados em relação à Europa. Nós devíamos almejar como país tentar sempre fazer mais e melhor e é sempre possível fazer mais e melhor. O que é facto é que o rendimento criado em Portugal é manifestamente insuficiente. Por isso pergunto porque é que nós como país estamos satisfeitos de termos um rendimento médio 1.100 ou 1.200 euros, quando em Espanha é 50% superior e na Irlanda é três vezes superior. Por que é que um irlandês há-de ganhar três vezes mais em média do que um português? Porquê? Isto é em primeiro lugar uma questão de ambição. Como país temos de fazer melhor”, disse o banqueiro, em entrevista ao Público.
Horta Osório descarta dar conselhos ao Governo, mas adianta que é necessário um “debate a nível nacional que deve ser pluripartidário e supra-geracional, mesmo que interesse mais aos mais jovens, no sentido de debater porque é que nós não podemos imitar a Irlanda”.
“É um problema de ambição. Isso requer mais trabalho, porque o único sítio onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário. Essa ambição passa por criar condições de investimento nos sectores de ponta, que me parece que devem ser os sectores que criam mais exportações e mais inovação”, diz o banqueiro.
O gestor considera que é necessário criar “condições de investimento nos setores de ponta” e os recursos “devem ser sobretudo alocados ao setor privado”, apesar de o Estado ter um “papel importante de regulação e de assegurar que não há abusos nem externalidades”.
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