Durante mais de 20 anos, o norte-americano Tim Friede injetou-se voluntariamente com pequenas doses de veneno de cobra, na tentativa de criar resistência às toxinas. O que começou como uma experiência extrema tornou-se agora um avanço científico com potencial promissor: o seu organismo desenvolveu anticorpos que estão a servir de base para um novo tipo de antídoto.
A empresa de biotecnologia Centivax identificou dois desses anticorpos – LNX-D09 e SNX-B03 – com capacidade para neutralizar venenos neurotóxicos de várias espécies, como najas e mambas-negras. Quando combinados com o fármaco varespladib, ofereceram proteção total a ratos em testes laboratoriais. Como são derivados de anticorpos humanos, estes tratamentos poderão evitar os efeitos secundários comuns dos antivenenos tradicionais, feitos a partir de soro animal.
Apesar dos bons resultados, o antídoto ainda não é eficaz contra os venenos de víboras, que afetam o sistema circulatório. O objetivo da investigação é criar um tratamento eficaz, acessível e aplicável mesmo em zonas com poucos recursos médicos. Tim Friede, com o seu método pouco ortodoxo, pode ter ajudado a salvar milhares de vidas no futuro.
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